Tristeza e Outras Palavras: Algemar a Tristeza

segunda-feira, 19 de março de 2012

Nunca tive talento para algemar a tristeza. Procuro no reflexo do rosto, no espelho do banheiro uma resposta para os olhos que refletem o desespero, aguardando sem respostas. Desejo ter e poder satisfazer minhas emoções, mas sem chorar apesar do sofrer, sem lágrimas mesmo que elas caiam, sem palavras, mesmo que elas gritem furiosas ao mundo. A tristeza vira decepção e se enrola na solidão, se torna uma sinfonia, uma lamentável canção e ao despir cada momento em pensamentos solitários, os escondo atrás de armários onde guardo meu passado. As mãos sobem a cabeça, os dedos apertam os olhos, seguram lágrimas que percorrem o rosto desesperadamente, não aguentando mais tamanha dor. Não sei algemar a tristeza, mas por incrível que pareça, sei esquece-la, não tenho talento para ser algemado por ela. Entrego-me ao máximo e me liberto, me jogo nas suas profundezas, para sair mais forte e me levanto como fortaleza diante daquilo que parecia maior do que eu. No final não passa de mais um momento desmerecido, destinado a ser esquecido, nunca mais vivido e ao me reerguer, sou melhor por isso.

3 comentários:

Ana Flávia Sousa disse...

Esquecer a tristeza é uma saída também, mudar o foco!

Andorinha disse...

Seu texto possui uma velocidade, um ritmo que me muito me agrada e me envolve.
Esconder seu próprio passado é esconder-se de si mesmo. Só ficará de bem contigo de verdade, quando aceitá-lo e souber conviver com ele. Os sentimentos sobre ele, talvez, não partam. Mesmo assim, o passado não deixará de ser passado, não deixará de ser o seu passado.
Nessas lutas internas, provamos a nós mesmos o quanto somos fortes e resistentes.

Ale disse...

Leo,

Esse dom, tenho não,

Deixo ela vir, fazer morada... Mas com portas abertas... Quando percebo, ela já partiu, e sem se despedir,


Bjkas

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